Forças policiais realizam ação contra famílias do Quilombo Campo Grande na madrugada desta quarta (12)
O acampamento Quilombo Campo Grande, que reúne 450 famílias sem-terra no município de Campo do Meio, localizado no sul de Minas Gerais, é alvo de despejo iniciado na madrugada desta quarta-feira (12). A ação conta com dezenas de viaturas e policiais de outras cidades.
Areintegração de posse, que prevê a retirada da vila de moradores e da estrutura da Escola Popular Eduardo Galeano, foi emitida pela Justiça estadual mesmo sob decreto de calamidade pública em Minas Gerais devido à pandemia do novo coronavírus. As famílias seguem no local e tentam negociar a permanência na área. Até o momento, apenas a área da Escola foi reintegrada.
Integrantes da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) denunciam que a responsabilidade por feridos ou mortes em decorrência de um conflito direto com as forças policiais são de responsabilidade do governador Romeu Zema (Novo), que permitiu o despejo em meio à crise de saúde pública sem precedentes no país.
Segundo o MST, a decisão descumpre acordo firmado em mesa de diálogo sobre o conflito, para que as famílias permanecessem no local ao menos enquanto houvesse necessidade de isolamento social.
Ainda de acordo com o movimento, a ostensividade policial é frequente contra os acampados. Em 30 de julho, por exemplo, mais de 20 policiais invadiram casas no acampamento e prenderamo sem-terra Celso Augusto, conhecido como Celsão, que foi liberado no mesmo dia.
Conforme relataram os acampados, os agentes entraram nos imóveis armados de fuzis e pistolas,quebrando portas e janelas. O MST denuncia ainda que, no dia anterior ao despejo, a polícia rondou o acampamento com viaturas e drones, intimidando as famílias.
Histórico
Os acampados vivem na área da usina falida Ariadnópolis, da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), que encerrou as atividades em 1996.
As famílias do Quilombo Campo Grande ocupam o terreno desde 1998 e são referência na produção agroecológica. A região do sul de Minas, conhecida por ser a maior produtora de café do Brasil, é berço do café orgânico e agroecológico Guaií. Os agricultores também desenvolvem atividades como plantio de cereais, milho, hortaliças e frutas.
MST ressalta responsabilidade do governador Zema, que permitiu que as famílias fossem alvo do processo de reintegração / Foto: MST