Roberto Rangel, diretor médico do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, localizado no bairro de Acari, na Zona Norte, conta que já esperava por novos casos após as festas de fim de ano, mas não que o número fosse tão alto.
“O momento atual acaba despertando uma mistura de frustração e tristeza por vermos vidas sendo perdidas e pacientes em estado grave que poderiam não estar nessa situação se tivessem aceitado a vacinação. É angustiante para nós que estamos tratando a doença há tantos meses.”
Durante a pandemia, o Ronaldo Gazolla se tornou uma referência no tratamento da covid-19. O hospital criou um dos maiores centros de terapia intensiva do país, com 205 leitos, e, no total, 400 exclusivamente para o atendimento de quadros causados pelo novo coronavírus.
Em fases mais críticas, a instituição chega a contar com plantões de mais de 3,2 mil profissionais de saúde de diferentes especialidades.
Quando a vacina finalmente chegou ao Brasil, em janeiro do ano passado, Rangel disse que imaginava que logo estaríamos vivendo dias melhores, com turnos mais tranquilos pelo hospital e menos cenas tristes e dias de luto, como vinha acontecendo há tantos meses.
“Depois de muito esforço para atender milhares de pessoas, demos alta ao nosso último paciente internado por covid em novembro de 2021. Foi um alívio, uma emoção e motivo de festa para toda a equipe. Aí, de repente, voltamos a ver tudo de novo.”
‘Quem não se vacinou se arrependeu e sente culpa’
Com a alta de casos entre dezembro e janeiro, o médico diz se sentir frustrado – especialmente porque as pessoas em pior estado são aquelas que decidiram recusar o imunizante.
“Pode parecer óbvio para alguns, mas a população toda precisa entender que só a vacina pode nos salvar dessa doença.”
Os casos mais graves, aponta Rangel, que é médico de família e comunidade, são de pacientes que não tomaram ao menos duas doses da vacina, e a doença costuma ser ainda pior para quem se negou totalmente a se imunizar.
“Outro fator comum entre eles é o sentimento de arrependimento. Os que estão internados e não se vacinaram estão pedindo pelo imunizante, com a ideia ansiosa de que podem melhorar instantaneamente. Depois que a pessoa vivencia a doença e vê o que ela pode causar, é comum que mudem de ideia sobre a vacinação.”
FONTE: BBCBRASIL