Na próxima sexta-feira (26 de janeiro), o município de Araxá vai sediar o Diálogo Público sobre a duplicação da rodovia federal BR-262, no trecho que abrange as cidades de Uberaba, no Triângulo Mineiro, Araxá, no Alto Paranaíba, e Nova Serrana, na região Central do Estado.
O evento será no Tauá Grande Hotel, a partir das 13h, com entrada aberta ao público. Os interessados em participar devem se inscrever no link ( http://tinyurl.com/yew9uswz ).
“Com o slogan ‘MOVIMENTO DUPLICA BR-262 – Preservando Vidas’, reivindicamos a duplicação dos cerca de 350 quilômetros de rodovia que colocam em risco a vida de milhares de motoristas e passageiros que transitam, diariamente, pelo trecho. Além disso, essa obra favorece o avanço da nossa região”, afirma a prefeita de Uberaba, Elisa Araújo, que também preside a Microrregião do Vale do Rio Grande (Amvale).
Além do diretor-geral da Agência Nacional de transportes Terrestres (ANTT), Rafael Vitale, participam do evento prefeitos, vereadores, deputados e representantes da Sociedade Civil Organizada de Araxá, Uberaba, Uberlândia e das cidades filiadas à Associação dos Municípios da Microrregião do Planalto de Araxá (Ampla), da Amvale e da Microrregião do Vale do Paranaíba (Amvap).
“É hora de somarmos forças para resolver um problema grave, que já dura décadas”, afirma o presidente da Ampla, José Humberto Ribeiro.
RISCOS
O trecho de 450 quilômetros de rodovia que liga as cidades de Uberaba, passando por Araxá, Nova Serrana até Betim, é um dos mais perigosos do País. De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre janeiro de 2021 e dezembro de 2023, ao longo da estrada, ocorreram 1.780 acidentes com 163 mortes, média de 54 mortes por ano. Um óbito a cada seis dias. E, ainda, as batidas e saídas de pista deixaram outros 2.037 feridos.
Somente no percurso que inicia na ponte do Rio Araguari (KM748) até o trevo de Pará de Minas, que fica sob a responsabilidade da Delegacia da PRF de Araxá, foram registradas 113 mortes de 2021 a 2023. Uma morte a cada 10 dias.
A região de serra, que compreende os municípios de Araxá, Córrego Danta, Ibiá, Luz e Nova Serrana registra o maior número de mortes.
DADOS 2021 a 2023
– Nova Serrana: Acidentes (274), Acidentes graves (100), Feridos (316), Óbitos (22);
CUSTO
As vítimas destes acidentes são atendidas pelos hospitais públicos dos municípios localizados ao longo da rodovia, o que aumenta os custos da Administração Pública, principalmente, para as cidades de Uberaba e Araxá, que são referência para receber os pacientes.
“Caso a pista fosse duplicada, grande parte deste dinheiro seria economizado e investido em outras políticas públicas, como educação, assistência social e segurança, por exemplo”, afirma o prefeito de Araxá, Robson Magela.
PREJUÍZOS
A BR-262 é uma importante rodovia para o setor logístico no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Por ela, são transportados insumos, escoada a produção agrícola (arroz, feijão, soja, milho, suínos, bovinos, aves etc.) e diversos produtos industrializados para atender ao mercado brasileiro.
Para otimizar os custos das empresas fabricantes, estes produtos são transportados por caminhões modelo rodotrem (caminhão e dois semirreboques) de nove eixos. Porém, aqueles que transitam pela BR-262 encontram barreiras legais que implicam em atrasos na entrega, causando prejuízos e inflacionando o preço final do produto para o consumidor.
O inspetor da PRF em Araxá, Romero Gaspar, explica que, como a BR-262 é de pista simples, a lei federal determina que este tipo de caminhão pode transitar somente do amanhecer ao anoitecer. “A partir das 19h, os motoristas são obrigados a pernoitar nos postos de combustíveis à beira da estrada até o dia seguinte para retomar a viagem. E nos feriados prolongados, eles também são impedidos de rodarem no trecho. Diminui o risco de acidente, mas, por outro lado, o prejuízo é muito grande”, afirma.
CONCESSÃO
O contrato de concessão da BR-262 foi assinado entre a empresa Triunfo Concebra e o Governo Federal, em 2014. No mesmo ano, a empresa iniciou a instalação da estrutura de praças de pedágio e duplicação de 10% do trecho, como previa o contrato para os cinco primeiros anos.
A Triunfo informou que, no início de 2016, o processo de financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para fazer as obras de duplicação foi aprovado com juros mais baixos. Porém, com o início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que culminou com o afastamento da Chefe do Poder Executivo, em 17 de abril de 2016, o recurso subsidiado teria sido negado, o que inviabilizou as obras de ampliação da pista. A notícia foi veiculada pela imprensa na época.
NOVA LICITAÇÃO
O contrato com a Triunfo Concebra para administrar a BR-262 venceu em novembro de 2023, mas a Justiça Federal determinou que a concessionária prossiga gerenciando a rodovia até que o governo federal realize leilão para escolher a nova concessionária. A expectativa é que o edital seja lançado até junho de 2024.
Porém, o estudo para formatar o novo edital contempla a duplicação de um trecho de 44,3 quilômetros (10% da extensão total do trecho) e 127 quilômetros de construção de terceira faixa – 63,5 km em cada sentido – (15% da extensão), além de correção de uma dezena de curvas que terão seu traçado corrigido. A nova concessão será por 30 anos e não haveria previsão de outras obras para ampliação de pistas.
REIVINDICAÇÃO
O “MOVIMENTO DUPLICA BR 262 – Preservando Vidas” defende a participação dos Governos Federal e Estadual com aporte de recursos que possibilitem o início imediato das obras de duplicação de parte do trecho. “O restante das obras seria custeado com o valor arrecadado na cobrança de um pedágio adequado para rodovias duplicadas”, defende o ex-ministro dos Transportes, Anderson Adauto, um dos organizadores do movimento suprapartidário.
A média do preço do pedágio cobrado atualmente é de R$ 6,50 para cada 100 km de rodovia, porém, em pista simples (Uberaba a Nova Serrana). O valor praticado em cada praça varia conforme alguns fatores, como a distância entre elas.
PEDÁGIOS PAULISTAS
Nas rodovias paulistas que são duplicadas, o valor cobrado a cada 100 km é variado. No Sistema Anchieta-Imigrantes: R$ 27. Na Rodovia Castelo Branco e Raposo Tavares: R$ 24. Na Rodovia Bandeirantes e Anhanguera: R$ 17. Mas a segurança e a fluidez do trânsito não se comparam ao verificado na BR-262, em Minas Gerais.
SERVIÇO
Diálogo Público – Duplicação BR-262 (com presença da ANTT)
Data: 26 de janeiro (sexta-feira)
Horário: 13h
Local: Tauá Grande Hotel
Inscrições no link: ( http://tinyurl.com/yew9uswz )
Evento aberto ao público