Pena é de 26 anos e meio em regime fechado.
Menina tinha 11 anos quando foi morta em 2012.
Após mais de 14 horas de julgamento, nesta sexta-feira (12), Gaspar Alves foi culpado pelo estupro seguido de homicídio da menina Ana Clara, de 10 anos, em Araxá. O réu foi condenado a 26 anos e meio de prisão em regime fechado. Ele foi considerado o autor dos crimes de homicídio duplamente qualificado, com as qualificadoras de motivo torpe.
Investigações
O acusado não tinha passagens pela polícia e não confessou o crime, no entanto as investigações o apontaram como suspeito. De acordo com o investigador que esteve à frente do caso, Mauro da Silveira Chaves, foi traçado o perfil do possível responsável pela morte. “Fizemos um estudo do crime para saber em que circunstância ocorreu e definimos o perfil de um criminoso. A hipótese mais provável era de um crime ligado à psicopatia. Esses casos geralmente são cometidos por pessoas próximas da família”, comentou.
Dentro desse raciocínio, as investigações chegaram a Gaspar. Ele morava em uma casa nos fundos da casa da vítima e era muito próximo da família. Ana Clara era amiga das filhas do acusado, que dava balar e dinheiro com frequência para a menina. “Ele apresentava um perfil de pedófilo. Quando ele tinha 47 anos, ele se relacionou com uma menina de 17 anos e, quando ela fez 19, eles se casaram. Ele também dava bala, dinheiro e colocava as crianças no colo. Isso é anormal, determina um pouco esse traço de pedófilo dele”, explicou.
Ainda foi descoberto um jovem que foi abusado pelo mesmo acusado quando tinha dez anos. “Ele deu detalhes e era no mesmo sentido. Ele frequentava a casa do criminoso, ganhava doce e foi abusado. Isso foi os primeiros fundamentos para que ele fosse intimado a prestar depoimento na delegacia”, afirmou.
A partir disso, os depoimentos de Gaspar começaram a se contradizerem.
“No dia do fato, mais precisamente no horário do desaparecimento da menina, que foi das 17h, ele esteve com ela. Porém, quando o pai estava procurando a filha, desesperado, o acusado disse que não tinha visto Ana Clara. Além disso, o local do crime era exatamente onde ele trabalhou. Um local de difícil acesso e que somente quem conhecia chegava até lá”, explicou.
Mauro disse que Gaspar foi a última pessoa a ver Ana Clara e, segundo ele, o acusado ficou fora de casa das 17h às 19h, horário que condiz com o tempo do crime. “Ele estava com uma bicicleta motorizada e alegou que das 17 até as 19h, o momento que ele estava na rua, a bicicleta tinha estragado e ele teve que empurrá-la por três quarteirões”, afirmou.
Porém, Mauro descobriu, a partir do depoimento da filha do Gaspar e da pessoa que a vendeu a bicicleta para ele, que o veículo não estava estragado. “O rapaz que fazia manutenção falou que isso não aconteceria e que a bicicleta estava em perfeito estado de funcionamento. Já no depoimento da filha, ela contou que o pai chegou em casa e jogou água no motor da bicicleta e que saiu um vapor, o que mostra que estava superaquecida e que ele fez um trajeto mais extenso, compatível com o local do crime”, explicou.
De acordo com as investigações, a criança foi levada para o local do crime na bicicleta. Após ser preso, Mauro contou que Gaspar conseguiu um celular que ficou com ele na cela. O telefone foi grampeado a partir de autorização judicial. “Pegamos uma conversa dele com a ex-mulher, em ele pediu para ela mentir no depoimento dela com relação às filhas. Ele pediu para falar para polícia que as filhas não estavam na casa dele no dia do crime, sendo que elas estavam”, comentou.
A última observação de Mauro é em relação aos advogados do réu. “Passaram dois advogados enquanto ele estava preso. Os dois disseram que eles largariam o caso se percebesse que ele estava envolvido e os dois largaram”, afirmou.
Caso Ana Clara
Ana Clara saiu do Espaço Multiuso, onde passava a tarde, no dia 18 de outubro de 2012 para buscar o irmão em uma escola. Ela morava no Bairro São Geraldo, setor oeste da cidade. No entanto, Ana Clara não chegou à escola. Ela ficou desaparecida por cinco dias e a família chegou a espalhar pela cidade e redes sociais fotos da menina.
No dia 23 de outubro, um corpo foi localizado por trabalhadores próximo ao Distrito Industrial. As polícias foram acionadas e foi constatado que o corpo era da menina. A vítima tinha sinais de violência e parte do corpo estava queimado.
A Polícia Civil chegou a prender temporariamente um suspeito dias após o crime, mas o homem foi liberado por falta de provas. Seis meses depois, após investigações, a Polícia Civil chegou até o réu, Gaspar Alves Caldas. Poucos dias depois de ter tido a prisão temporária decretada, ele foi transferido para o Presídio de Ribeirão das Neves. Um mês após a prisão, oinquérito de 350 páginas foi concluído.
Com informações Conteúdo G1.