O novo coronavírus chegou ao Brasil trazido por pessoas da classe alta e muito rica, que em boa parte foram contaminadas em viagens internacionais. Mas o vírus se disseminou rapidamente pelas classes baixas e, em grandes centros urbanos, a Covid-19 já mata mais na periferia do que no centro. Notadamente, as populações negras e mais pobres que vão pagar.
A população negra fica em torno de 54% dos habitantes do Brasil. Mas veremos que morrerá em maior quantidade com essa doença, diante da realidade das nossas favelas. O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo e isso, infelizmente, vai se refletir numa maior letalidade da doença na população negra.
Os dados do Ministério da Saúde confirmam a triste constatação. Até o último dia 20, entre os registros de afetados pela doença, pretos e pardos representam quase 1 em cada 4 dos brasileiros hospitalizados com Síndrome Respiratória Aguda Grave (23,1%), mas chegam a 1 em cada 3 entre os mortos por Covid-19 (32,8%). Com os brancos ocorre o contrário: são 73,9% entre os hospitalizados, mas 64,5% entre os mortos.
No pior momento da pandemia, os brancos da classe média com planos de saúde terão a rede privada de hospitais, e negros e pardos disputarão UTIs e respiradores mecânicos do SUS.
Não esperem que os seguidores de Bolsonaro se comovam. O começo do fim do isolamento, que já acontece em vários Estados, para que o comércio e as igrejas se apropriem de parte dos R$ 600 do auxílio de emergência, coincide com o momento em que a doença chega aos pobres.
https://apoia.se/jornalavozdearaxa