“Conter Bolsonaro”, suplica o editorial da Folha desta quinta-feira, com chamada na capa. Mas quem vai colocar a camisa de força no capitão enfurecido, fora de controle dos generais, em guerra aberta contra a “vacina comunista da China e do Doria”?
“Restará a Congresso, Judiciário, estados e municípios tomar medidas para que os brasileiros não fiquem sem vacina”, diz o jornal. Gostaria de acreditar nisso, mas acontece que todas as instituições estão hoje aparelhadas pelo presidente, que enfeixa em suas mãos os Três Poderes e as Forças Armadas, com os órgãos técnicos do Ministério da Saúde militarizados e o general de plantão desmoralizado, que ainda não pediu demissão.
Em entrevista à “Jovem Pan”, a emissora líder da rede bolsonarista de rádio e televisão, Bolsonaro dobrou a aposta e anunciou que o governo federal não comprará de jeito nenhum a vacina chinesa desenvolvida pelo laboratório Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, nem que ela seja aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
“A da China nós não compraremos, é decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população. Esse é o pensamento nosso”, decretou o todo-poderoso presidente. Pensamento nosso de quem, cara pálida? Quer dizer que a vida de 212 milhões de brasileiros será refém de um louco no poder?