Na sessão de horrores da Câmara Federal que aprovou a abertura do processo de impeachment contra a presidenta Dilma, em 17 de abril, o deputado Caio Nárcio (PSDB-MG) foi ao microfone, enrolado em uma bandeira brasileira, e gaguejou: “Por um Brasil aonde [sic] o meu pai e meu avô diziam que decência e honestidade não era [sic] possibilidade, era [sic] obrigação…. Verás que um filho teu não foge à luta”. Aplaudido por seus comparsas, o tucano votou a favor do “golpe dos corruptos”. Já nesta segunda-feira (30), o pai homenageado, o ex-deputado federal Nárcio Rodrigues, foi preso em Belo Horizonte acusado de corrupção da pesada. Haja cinismo!
Ex-presidente do PSDB de Minas Gerais e ex-secretário de Ciência Tecnologia do governo tucano de Antonio Anastasia – relator do impeachment de Dilma no Senado -, Nárcio Rodrigues já estava sendo investigado faz tempo pela Operação Aequalis (igualdade, em latim), em uma ação conjunta da Polícia Militar, Ministério Público e Polícia Federal. As apurações indicaram o desvio de R$ 18 milhões dos cofres do Estado na construção do complexo chamado de Hidroex – Fundação Centro Internacional de Educação, Capacitação e Pesquisa Aplicada em Água. O paizão do falso moralista – que votou pelo impeachment de Dilma em defesa da “decência e honestidade” – é o principal suspeito em mais esta roubalheira. Nárcio Rodrigues teve prisão temporária decretada por cinco dias.
Os golpistas e as amantes
O deputado Caio Nárcio, filho do corrupto preso nesta segunda-feira, não é o único hipócrita que se travestiu de ético para justificar o estupro da democracia. A sessão da Câmara Federal que aprovou a abertura do processo de impeachment de Dilma entrará para a história como um símbolo do cinismo. Vários moralistas sem moral, que colecionam processos na Justiça, fizeram discursos patéticos contra a corrupção. Caio Nárcio dedicou seu voto ao pai e avô. Outros fingidos homenagearam suas esposas ao microfone, enquanto enviavam mensagens pelo WhatsApp para suas amantes. A cena deplorável foi registrada pela jornalista Eliane Trindade, na coluna “Rede Social” da Folha. Vale relembrar: