Dois pontos explicam, basicamente, o fato de o Brasil ser governado por oligarquias, ou seja, o fato de o povo eleger, geralmente, ricos e milionários para os cargos governamentais. Um país cuja maioria absoluta da população é formada por pobres pés de chinelos ou pessoas de classe média (que, no fundo, também são pobres, no sentido de que não possuem o domínio sobre as riquezas) não poderia, em hipótese alguma, ter como representantes os ricos e os milionários. O que eles realmente representam?
É claro que somente o poder financeiro não explica suas vitórias na urnas. Os brasileiros poderiam se rebelar contra esse poder financeiro e não votar em ricos, No entanto não o fazem, pelo contrário. E aqui entra o primeiro ponto: brasileiro é patriarcal, necessita da figura do “salvador”, do homem que “manda”. Na visão do brasileiro, manda quem tem o controle do capital, seja em forma de grandes empresas, seja na forma de grandes propriedades rurais. Portanto, esses, para os brasileiros, são os que mandam. Essa cultura de “obedecer ao chefe” existe já na relação patrão-empregado. Na visão do empregado brasileiro, o patrão manda porque pode mandar, quase como um desígnio divino, e o fato de ter “concedido misericordiosamente” um emprego a ele, o reles empregado, obriga-o a louvar o patrão como se fosse um semideus. “Deus-o-livre” dizer não ao patrão. E se ele se candidatar a um cargo público, naturalmente, muito naturalmente, deve ser eleito.
O outro ponto que explica a eleição dos ricos é que brasileiro tem síndrome de coitadismo, tem vergonha de ser pobre, e acha que não é. Tendo um salário um pouquinho melhor, já se sente rico. E se é rico, tem que votar em rico. Brasileiro sempre quer aparentar ser mais do que realmente é. Se tem uma camionete e 3 hectares de terra, já é fazendeiro, quase um latifundiário. Jamais se “diminuirá” escolhendo “não-ricos” para lhe governar. O resultado de tanto poder concedido às elites é um país com uma das maiores e mais cruéis desigualdades sociais do mundo, onde as classes altas controlam a quase totalidade das riquezas e dos meios de produção. E claro que tudo fazem para manter esse domínio. Uma das maneiras de se perpetuar tal controle é desmantelar a educação. A quem está no poder, não interessa que o povo tenha educação a ponto de questionar seus “desígnios divinos”. Quer-se conservar os estado das coisas. Manter os “plebeus” longe dos privilégios dos “nobres”.