Você quer saber? Vou deixar bem claro: é uma imbecilidade isso de ter gente que diz sentir saudade da ditadura militar. Desculpem-me os que cultivam este sentimento repugnante, tenho certeza de que muitos de vocês não são idiotas, mas pensar algo desse jeito é uma rotunda idiotice.
Defender uma ditadura, qualquer ditadura, é uma rotunda idiotice, a não ser que o ditador seja você. Ou melhor: a não ser que o ditador seja eu. Você que, por favor, defenda a minha ditadura, ou mando prendê-lo, que é o que fazem os ditadores.
Agora tem o seguinte: enquanto eu não for o ditador, não fique defendendo outros. Sei que o país está num momento de radicalismos, mas está sendo noticiado de que há gente que quer repetir a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, e que esse negócio vai acontecer cedo ou tarde, nas cidades do Brasil. Aí é demais. É demais!
Marcha da Família com Deus pela Liberdade!
Espero não conhecer ninguém que defenda nesse troço. Vamos fazer assim: eu não vou argumentar, não vou ficar gastando o meu tempo e o seu com ponderações. Só vou dizer uma coisa: quem quer a volta da ditadura militar e vai na Marcha da Família com Deus pela Liberdade talvez não seja estúpido, mas está querendo algo muito estúpido e fazendo algo muito estúpido. Então, se você não quer sair de estúpido, imbecil, idiota, paspalho, néscio, torpe, anta, abobado e burro por aí, não pense e faça essas coisas. Deixe para me apoiar, quando eu for ditador.
Em 1964, um golpe de estado que derrubou o presidente João Goulart e instaurou uma ditadura no Brasil. O regime autoritário militar durou até 1985. Censura, exílio, repressão policial, TORTURAS, ESTUPROS, mortes e “desaparecimentos” eram expedientes comuns nesses “anos de chumbo”. Porém, apesar de toda documentação e testemunhos que provam os crimes cometidos durante o Estado de exceção, tem gente que acha que naquela época “o Brasil era melhor”. Mas pesquisas da época – algumas divulgados só agora, graças à Comissão Nacional da Verdade – revelam que o período não trouxe tantas vantagens para o país.
Nas últimas semanas, recebemos muitos comentários saudosistas em relação à ditadura. Em uma época em que não é incomum ver gente clamando pela volta do regime e a por uma nova intervenção militar no país, decidimos falar dos mitos sobre a ditadura em que muita gente acredita.
Pois bem, vamos lá. Há quem diga que a ditadura brasileira teria sido “mais branda” e “menos violenta” que outros regimes latino-americanos. Países como Argentina e Chile, por exemplo, teriam sofrido muito mais em “mãos militares”. De fato, a ditadura nesses países também foi sanguinária. Mas repare bem: também foi. Afinal, direitos fundamentais do ser humano eram constantemente violados por aqui: torturas e assassinatos de presos políticos – e até mesmo de crianças – eram comuns nos “porões do regime”. Esses crimes contra a humanidade, hoje, já são admitidos até mesmo pelos militares. Para quem, mesmo assim, acha que foi “suave” a repressão, um estudo do governo federal analisou relatórios e propõe triplicar a lista oficial de mortos e desaparecidos políticos vítimas da ditadura militar. Ou seja: de 357 mortos e desaparecidos com relação direta ou indireta com a repressão da ditadura (segundo a lista da Secretaria de Direitos Humanos), o número pode saltar para 957 mortos.
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