Numa disputa política o objetivo principal é vencer o adversário, mas respeitando as regras do jogo. Na política brasileira nem sempre foi assim. O caráter oportunista e canalha se evidencia, sem que se ofereça importância às prioridades coletivas e a vontade popular.
A conquista de votos é buscada a qualquer custo. A grande maioria ainda insiste no saco de cimento, gasolina e cesta básica.
Claro que não podemos generalizar.
Mas é um fenômeno refletido no aparato político e burocrático de nosso país, que produz legislação em causas próprias e ataques recíprocos entre seus protagonistas. As práticas do divisionismo, tão próprias do momento político contemporâneo, só enfraquecem a nossa democracia, alimentando interesses e privilégios de grupos. A manipulação da informação se apresenta como estratégia para lançar sementes de medo e ódio na população, como forma de favorecer os poderosos e a manutenção dos governantes de plantão. A elite do atraso se empodera. As palavras e as ideias mudam conforme a conveniência da ascensão ao poder.
Quando o vale-tudo passa a ser regra, as escolhas e as ações na política perdem a racionalidade. Potencializam-se as paixões determinando comportamentos em que a vontade de um se sobrepõe em detrimento da vontade do outro. As ambições individuais se sobressaem. A ética flexibilizada se mistura ao pragmatismo, adotando o princípio maquiavélico de que “os meios justificam os fins”. Ainda predomina entre muitos a ideia de que “na política, tudo pode, o que não pode, de jeito nenhum, é perder eleição”.
É hora de desarmar os espíritos e civilizarmos o país. E que a política seja exercida por quem possui quatro qualidades fundamentais: honestidade, capacidade, idealismo e coragem. Quando isso acontece, desaparecem os que entendem que se faz necessário fazer o jogo do “vale tudo”. A lógica do confronto ameaça a democracia e transforma adversários em inimigos políticos, fomentando o ódio nas redes sociais. Que se compreenda a política como “ciência e arte do bem comum”. Afinal de contas, no exercício da cidadania podemos nos mostrar capazes de identificar os políticos que promovam a convergência, dispostos a fazer o que tem de ser feito pelo conjunto da sociedade. Na política do vale tudo, sem qualquer dúvida, quem sempre sai perdendo é a população. O que nos anima é que, em passado muito recente, houve quem tentasse ganhar uma eleição na base do “vale tudo” e não deu certo.