Negros ganham R$ 1,2 mil a menos que brancos em média no Brasil;
Abolição completa 130 anos neste domingo (13). Segundo especialistas, período de escravidão e falta de políticas públicas estão por trás de desigualdades atuais. Negros têm índices de educação mais baixos e condições de vida mais precárias, apontam dados do IBGE.
Eliad e uma conhecida ficaram desempregadas na mesma época. Uma amiga em comum resolveu ajudar. Encaminhou uma vaga de coordenadora de um projeto social em uma instituição pública para a conhecida. Para Eliad, ofereceu trabalho na sua casa, como doméstica. Eliad é negra; a conhecida, branca.
“Quem tinha expertise para trabalhar como coordenadora de um projeto era eu. Mas eu fiquei ali como doméstica. Precisava trabalhar, tinha uma filha para sustentar. É assim que as coisas funcionam”, diz Eliad dos Santos, de 52 anos.
Eliad tem mestrado em Teologia e História, estudou na Universidade de Birmingham, no Reino Unido, e já assessorou e coordenou diversos projetos sociais, principalmente envolvendo temáticas de gênero e raça.
Por conta de sua alta escolaridade, ela acaba se sobressaindo em relação à média de negros no país, que têm índices de educação mais baixos. Mas afirma que, em muitas situações, o preconceito é mais forte que os seus diplomas. “O Brasil é muito cruel nesse sentido, desse racismo velado. É muito difícil mesmo”, diz.
De acordo com dados do IBGE , os trabalhadores negros ganham cerca de R$ 1,2 mil a menos que os brancos em média. Os dados são do 4º trimestre de 2017 e fazem parte da Pnad Trimestral, que disponibiliza informações desde 2012. Os números mostram que, entre 2012 e 2017, não houve nenhuma mudança substancial na diferença de rendimento entre negros e brancos.
Créditos: G1.com