Alotrifagia é o tema do artigo do médico hematologista da Unimed Araxá, Leandro Gustavo Oliveira
A alotrifagia ou também denominada “PICA” é um transtorno alimentar em que o paciente sente uma vontade irresistível de comer, repetidamente, substâncias não alimentares como terra, tijolo, papel, tinta, sabão, cabelo, metal, entre outros. Alguns pacientes sentem vontade de comer coisas incomuns, com pouco ou nenhum valor nutricional, como gelo, arroz ou macarrão cru.
A PICA, de acordo com estudos epidemiológicos, é mais comum na infância (até 5% da população nessa faixa etária), acometendo igualmente o sexo feminino e masculino. Também pode acometer indivíduos na fase adulta e idosos, porém com uma menor incidência.
Trata-se de condição crônica, comumente associada a outras patologias. Geralmente, a alotriofagia acontece com pacientes que apresentam algum tipo de deficiência nutricional e a vontade de comer essas coisas incomuns seria uma forma de compensar e de ajudar o organismo a repor esses nutrientes. É o caso, por exemplo, de quem sente uma vontade de comer terra e pode estar com deficiência de ferro ou de zinco.
A alotriofagia pode acontecer especialmente durante a gestação, com a mãe apresentando desejos e vontades que fogem um pouco às normas. Uma vez que pode estar associada à anemia ou mesmo a falta de nutrientes, é recomendado que a grávida comente com seu médico caso ela apresente alotriofagia.
Alguns pacientes com depressão, esquizofrenia e transtorno obsessivo compulsivo (TOC) também podem apresentar a alotriofagia. Por isso, é preciso observar com atenção.
Para ser considerado um caso de alotriofagia e não de mera curiosidade, é preciso que o comportamento aconteça por um mês ou mais e, no geral, em uma faixa etária onde o paciente já entende que não se deve comer aquele determinado item.
O tratamento da alotriofagia, geralmente, envolve descobrir o que está causando aquela determinada condição médica. Se forem descobertas deficiências nutricionais no corpo do paciente, ele pode realizar a suplementação por meio de medicamentos ou de mudanças na dieta, com o objetivo de superar esse comportamento.
Ainda, se a alotriofagia estiver se manifestando em decorrência de uma doença mental, deverá ser realizado um acompanhamento multidisciplinar para ajudar o paciente a parar de comer alimentos não-comestíveis, inclusive com a realização de acompanhamento psicológico.
Se a alotriofagia estiver acontecendo durante a gestação, na maioria das vezes, após o fim da gestação ou até mesmo depois de um breve período, o comportamento cessa naturalmente.
Em todos os casos, pacientes com alotriofagia deverão ser observados atentamente por seus familiares e mantidos longe de produtos tóxicos, para evitar uma intoxicação ou outros problemas de saúde a longo prazo.
Leandro Gustavo Oliveira
médico hematologista
Daniel Nacati Assessor de Comunicação / Unimed Araxá
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