“Missa Conga” reverencia o pulsar contagiante do congado em uma fusão com a música de concerto, com única apresentação no dia 7 de setembro, às 18h, no pátio da Fundação Cultural Calmon Barreto. A entrada é franca
A guarda de congado Moçambique Mocidade Verde e Branco de Araxá (MG) e a Orquestra Ouro Preto se envolveram em afetos, trocas e sonoridades para um encontro inédito em um dos mais nobres altares: a arte. Dessa experiência, promovida pela CBMM, nascem agora um livro e um concerto, compostos de palavras simples e sons fortes. “Missa Conga” é o resultado lítero-musical da fusão entre a música de concerto e o pulsar contagiante de uma das mais importantes manifestações culturais de Minas Gerais.
O concerto faz sua estreia em Araxá, no dia 7 de setembro, às 18h, no pátio Estação da Fundação Calmon Barreto (antigo prédio da Estação), com entrada franca. Na ocasião, também haverá o lançamento do livro que retrata toda essa experiência criativa.
Neste espetáculo, a simplicidade e a beleza do ato devocional que pulsam nas apresentações da Mocidade Verde e Branco foram a inspiração para a Orquestra Ouro Preto criar, ao lado desses mestres da nossa cultura, uma vivência entre a liturgia da missa e a tradição popular.
Com arranjos de Leonardo Gorosito, um dos mais talentosos percussionistas do país, “Missa Conga” leva o sincretismo religioso a outra potência, conectando cada ato de uma missa tradicional a um canto tradicional do congado tornando-o protagonista dessa liturgia.
Tanto o espetáculo musical quanto o livro são frutos de uma longa temporada de encontros com a guarda. Durante dois anos, entre 2021 e 2022, uma equipe especialmente composta pela Orquestra esteve em Araxá realizando vasta pesquisa de campo a partir de um desafio lançado pela CBMM, patrocinadora do projeto: como traduzir a humanidade do cerrado?
A resposta do maestro Rodrigo Toffolo, regente titular da Orquestra, foi lançar-se no universo dos sons, manifestação cultural simbólica capaz de traçar paralelos entre passado, presente e futuro. Para esse desafio, contou com a fundamental colaboração da pesquisadora e pianista Andréa Luísa Teixeira, que também assina o livro.
“Fizemos parte de uma história que vê e interage; fomos todos eles, com as devidas permissões. Pudemos transitar e observar os discursos históricos e os mitos. Presenciamos um patrimônio cultural que também é nosso e deve ser preservado, criativo e espontâneo. Os movimentos dançantes e sonoros do congado propiciam a liberdade, para que o humano se torne mais humano, e a arte sensibilize e a cultura respire”, afirma Toffolo.
O congado – ou a congada – é uma manifestação cultural e religiosa afro-brasileira que remonta o Reino do Congo e busca, por meio do canto, da dança e da devoção, a proteção de Nossa Senhora do Rosário, de São Benedito e de Santa Efigênia. No congado, os tambores, a música, da indumentária à representação, tudo é sagrado.
A cidade de Araxá é conhecida por organizar, há mais de 60 anos, um encontro de grupos de Congado e Moçambique, com participações de outros grupos, como, por exemplo, além dos Ternos de Araxá, os de Campos Altos, Ituiutaba, Santa Rosa da Serra, São Gotardo e outras cidades do Alto Paranaíba.
A Orquestra Ouro Preto, acolhida e regida pela Mocidade Verde e Branco, traz agora a público essa obra que é uma somatória de ensinamentos, trocas, crenças, memórias e sabedorias traduzidas em uma musicalidade que reverencia o passado e dá a ele um apontamento para os novos tempos.
Estrear uma obra de tamanha potência em Araxá é algo simbólico. “A Congada é uma importante manifestação cultural da nossa região. Temos como pilar apoiar e valorizar a cultura da nossa gente. Intermediar o intercâmbio cultural entre as manifestações artísticas da nossa cidade com grandes projetos como a Orquestra Ouro Preto também é uma forma de enriquecer, ainda mais, a programação cultural de Araxá, proporcionando ao público local experiências inovadoras e diferentes”, destaca Álvaro Rezende, da área de Relacionamento com a Comunidade da CBMM.
Para a Fundação Cultural Calmon Barreto, projetos relevantes como este da Orquestra de Ouro Preto e outros vindos em parceria com a empresa CBMM são de suma importância para o fomento da cultura em nossa cidade. “Fico muito feliz e ressalto que projetos que são elaborados com a preocupação com a cultura local e principalmente com a salvaguarda de nossas manifestações culturais veem de encontro com nosso objetivo: a preservação”, ressalta Cynthia Verçosa, presidente da Fundação Cultural Calmon Barreto.
Serviço
Lançamento do livro e apresentação do concerto “Missa Conga” – Orquestra Ouro Preto e Congado Moçambique Mocidade Verde e Branco
Data: 7 de setembro de 2022 – quarta-feira
Horário: 18 horas
Local: Pátio da Fundação Cultural Calmon Barreto (antigo prédio da Estação) – Praça Artur Bernardes, 10 – Centro – Araxá/MG