Um documento enviado pela própria Vale ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apontou que, se a movimentação em um talude no complexo minerário de Gongo Soco, da Vale, em Barão de Cocais, na região Central do Estado, continuar no ritmo que vem acontecendo, sua ruptura pode acontecer entre o próximo domingo (19) e o dia 25 de maio. Diante dessa situação, o MPMG emitiu nesta quinta-feira (16) uma recomendação para que a mineradora adote imediatamente medidas para alertar a população dos riscos a que está sujeita.
O rompimento do talude em si não oferece risco à cidade, entretanto, caso a estrutura desabe, uma vibração ou pequeno abalo sísmico pode ser um gatilho para que a barragem que possui 4,8 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério se rompa e parte do município seja tomado pela lama.
O documento assinado por dezenas de promotores dá um prazo de seis horas para que a empresa responda se irá adotar as medidas de informação à população sobre a real condição das estruturas, com informações específicas e detalhadas sobre como isso será feito. Caso a mineradora não adote as medidas, uma ação civil pública poderá ser movida pelo órgão na Justiça. Até as 15h desta quinta, a empresa ainda não havia se posicionado para o MPMG.
Na quarta-feira (15), a Defesa Civil de Minas Gerais divulgou a movimentação de quatro centímetros em um talude, que é um plano de terreno inclinado que limita um aterro e tem como função garantir a estabilidade da estrutura.
A previsão sobre quando o talude deverá se romper consta em um documento enviado pela própria Vale ao MPMG às 12h39 de quarta. “A empresa Vale S/A estima que, permanecendo a velocidade de aceleração de movimentação do talude norte da Cava da Mina de Gongo Soco, sua ruptura poderá ocorrer no período de 19 a 25 de maio de 2019, gerando vibração que poderá ocasionar a liquefação da Barragem Sul Superior e sua consequente ruptura”, aponta a recomendação dos promotores.
O promotor Leonardo Castro Maia, que é coordenador regional das promotorias do Meio Ambiente da bacia do rio Doce, foi um dos que assinaram a recomendação e explica que, apesar da previsão feita pela Vale, a verdade é que o rompimento da barragem pode acontecer a qualquer momento. “O risco já era iminente desde quando subiu para o nível 3, tanto é que os trabalhos foram impedidos na mina pois qualquer movimentação poderia ser o gatilho. Mas, agora, com essa movimentação desse talude, a gente sabe que seu colapso pode levar ao rompimento da barragem”, explica.
Diante de tamanho risco, até mesmo com previsão de quando isso poderá ocorrer, os promotores decidiram que era necessário que a população que pode ser atingida recebesse o máximo de informações possíveis. “O principal objetivo foi assegurar o direito dos moradores de Barão de Cocais à informação, nosso foco é que os atingidos pelo menos possam se preparar para o pior”, completou Maia.
A situação da barragem Sul Superior é considerada instável desde o dia 22 de março, quando seu nível de alerta foi elevado para 3, grau máximo de risco para barragens no que se refere à situação de iminência ou ocorrência de rompimento.
Mas mesmo antes da elevação do nível de risco de 2 para 3, as comunidades que seriam atingidas pela lama de rejeitos em caso de rompimento já haviam sido evacuadas. No dia 8 de fevereiro, 14 dias após a tragédia em Brumadinho, cerca de 500 pessoas residentes nas comunidades de Socorro, Tabuleiro, Gongo Soco e Piteiras foram desalojadas por conta do acionamento do Plano de Ação de Emergência de Barragem de Mineração (PAEBM).
Fonte: https://www.hojeemdia.com.br/horizontes/ruptura-de-talude-de-mina-em-bar%C3%A3o-de-cocais-pode-acontecer-a-partir-de-domingo-1.714508?fbclid=IwAR3eiH-ppRSxF21CzBLh_b_l6zye26EVvKlKywWqKpJjRQ_K0RG0MHA4IQI